Sou como a corça ferida
Que vai, sedenta e arquejante,
Gastando uns restos de vida
Em busca da agua distante.
Bem sei que já me não ama,
E sigo amorosa e afflicta,
Essa voz que não me chama,
Esse olhar que não me fita.
Bem reconheço a loucura
Deste amor abandonado
Que se abre em flor, e procura
Viver de um sonho acabado;
E é como a corça ferida
Que vai, sedenta e arquejante,
Gastando uns restos de vida
Em busca da agua distante:
Só, perdido no deserto,
Segue empós do seu carinho;
Vai-se arrastando ...e vai certo
Que morre pelo caminho.