Era tradicional na família Torres Figueira o culto do milagroso São Sebastião. A avó, a mãe, as tias de Dona Bebita haviam alimentado, sempre, essa devoção. E era por isso que a jovem senhora, ao educar a sua Matildinnha, não a deixava dormir sem, primeiro, encomendar-se ao virtuoso mártir de Narbona.

— Encomenda-te sempre a ele, minha filhinha, que ele não te abandonará! — aconselhava.

E à noite, antes de adormecer, juntava-lhe as mãozinhas pequeninas, ensinando-lhe a dizer:

— Ah, meu milagroso São Sebastião, vinde em meu socorro, guardai o meu sono, contra a fúria do inimigo!

Certo dia, porém, foi a Matildinha a uma igreja onde havia uma imagem do santo, e voltou impressionadíssima. À noite, a hora da reza, a mãe proferiu, para que ela repetisse:

— Ah, meu milagroso São Sebastião, vinde em meu socorro.

— Não, mamãe, — protestou a pirralha, desunindo as mãozinhas, os olhos nos olhos maternos, — isso eu não digo mais, não; não vale a pena.

E ante o espanto da linda senhora:

— Ele está amarrado lá na igreja, mamãe; como é que ele há de vir?