Sr. Guglielmo Ferrero:
A Academia Brasileira convidou-vos a dar algumas conferências neste país. Contava, de certo, com a admiração que lhe haviam imposto os vossos escritos, mas a vossa palavra excedeu a sua confiança. Não é raro que as duas formas de pensamento se conjuguem na mesma pessoa; conhecíamos aqui este fenômeno e sabíamos dele em outras partes, mas foi preciso ouvir-vos para senti-lo ainda uma vez bem, e por outra língua canora e magnífica.
Agora que ides deixar-nos, levareis à Itália, e por ela ao resto do mundo europeu, a notícia do nosso grande entusiasmo. Creio que levareis mais. O que o Brasil revelou da sua crescente prosperidade ao eminente historiador de Roma ter-lhe-á mostrado que este pedaço da América não desmente a nobreza da estirpe latina e crê no papel que, de futuro, lhe cabe. E se com essa impressão política levardes também a da simpatia pessoal e profunda que inspirastes a todos nós, a Academia Brasileira folgará duas vezes pelo impulso do seu ato de convite, e aqui vo-lo declara, oferecendo-vos este banquete.