Se a dar-te vida a minha dor bastara,
Filha Isabel, de minha dor morrera,
E porque minha dor tudo excedera,
Gêneros novos de sentir buscara.
Se uma vida se dera, ou se emprestara,
A metade da minha te ofrecera,
Ou toda, porque inveja não tivera
Outra a metade, que órfã me ficara.
E se a minha alma enfim tua agonia
Substituir pudera com a sua,
Tua vida animando a cinza fria:
Inda que a arrojo o mundo o atribua,
Não só a vida, a alma te daria
Por melhorá-la com fazê-la tua.