Se amas, se da velhice entras a porta escura,
Maldize o teu amor, que é um triste adeus à vida!
Porque no teu amor de velho se mistura
Ao enlevo de um noivo a angústia de um suicida.
Louco! vês entreabrir-se a cova, na doçura
Do aconchego nupcial que ao gozo te convida;
E, na incerteza atroz da carícia futura,
Cada afago te dói como uma despedida.
Sofres um estertor em cada abraço, um grito
Em cada beijo, em cada anseio uma saudade:
É um rolar, um ferver num inferno infinito!
No desesperador prazer do teu transporte,
Sentes a crispação da treva que te invade,
O doloroso amargo ante-sabor da morte...