Pelas ruas vagava, em desatino,
Em busca do seu asno que fugira,
Um pobre paspalhao apatetado,
Que dizia chamar-se — Macambira.
A todos perguntava se não viram
O bruto que era seu, e desertàra;
Elle é sèrio (dizia), está ferrado,
E tem branco o focinho, é malacára
Eis qua encontra postado n’uma esquina,
Um esperto, ardiloso capadocio,
Dos que mofam da pobre humanidade,
Vivendo, por milagre, em santo ocio.
O' lá, senhor meu amo, lhe pergunta
O pobre do matuto, agoniado :
“Por aqui não passou o meu burrego,
“Que tem russo o focinho, o pé calçado ?“
Responde-lhe o tratante, em tom de mofa :
“O seu burro, senhor, aqui passou,
“Mas o guapo Ministro fel-o presa,
“E n'um parvo Barão o transformou!“
0’ virgem Santa ! (exclama o tabaréo,
Da cabeça tirando o seu chapéo)
Se me pilha o Ministro, n’este estado,
Serei Conde, Marquez e Deputado!....