Santo Domingo, 21 de dezembro de 1511.
Para que vocês conheçam estas verdades eu subi aqui, eu sou a voz de Cristo no deserto desta ilha. E, portanto, convém que com atenção, e não com qualquer atenção, mas com todo o vosso coração e com todos os vossos sentidos, deveis ouvir; a voz que que dirá algo que nunca ouvistes, a mais áspera e dura e assustadora e perigosa do que nunca pensastes em ouvir.
Esta voz lhe diz que todos estão em pecado mortal e nele viveis e morrereis pela crueldade e tirania que vós praticais contra essas pessoas inocentes.
Pergunto: Com que direito e com que justiça manténs em tão cruel e horrível servidão estes indígenas? Com que autoridade vós tens travado guerras tão detestáveis contra estas pessoas, que estavam em suas terras mansas e pacíficas, onde muitos deles, com a morte e destruição nunca tinham sofrido? Como vós os manteis tão oprimidos e fatigados, sem dar-lhes de comer nem tratar de suas enfermidades causadas pelo excesso de trabalho exigido por vós, adioencem e morrem, ou melhor, vós os matais para extrair e adquirir mais ouro a cada os dia? Que cuidado téneis para os doutrinar e para que conheçam o seu Deus e criador, sejam batizados, ouçam a missa, observem os feriados e domingos?
Estes não são homens? Eles não têm almas racionais? Você não é obrigado a amá-los como a vós mesmos? Não entendeis isto? Não sentis isso? Como vós podeis estar em um sono tão profundo, tão letárgico? Tenhais a certeza de que, no estado em estais não não podeis mais salvar os que carecem e mp querem a a fé de Jesus Cristo[1].