Ao Ademar, irmão e amigo.

Foi pelo tempo alegre da moenda,
Quando, aos quinze anos, tudo nos sorria,
Que nós tecemos, juntos na fazenda,
Toda uma história de infantil poesia.

E sob um pessegueiro, amplo e robusto,
Cheio de frutos e de passarinhos,
Foi que nós ambos, pálidos de susto,
Nos encontramos certa vez, sozinhos.

Tão confusos, tão tímidos ficamos,
Ao vermo-nos juntinhos no pomar,
Que nós, olhando os pêssegos nos ramos,
Nem tínhamos coragem de falar!

Mas de repente - que ventura louca!
Ela sorriu-me, trêmula de pejo,
E eu lhe furtei da pequenina boca,
Um pequenino e delicioso beijo...

Foi desde então que na minhalma eu trouxe,
Como lembrança desse amor fagueiro,
Esse beijinho estaladinho e doce,
Que nós trocamos sob o pessegueiro.