Com oiro fino e pedras recamado,
Outr'ora um rei de Hungria deu o throno,
Para dormir um passageiro somno
D'uma donsella no regaço amado.
Ao ver o rei assim apaixonado
Sorria a corte com sinistro entono!
Neto de heroes vencido... ao abandono...
—Ai, quem em tal houvera então pensado.
Se fôra rei daria o throno, a gloria,
A c'roa, o manto, a fama, a patria, a historia,
O paço, as cortesãs e o sceptro bello,
Não por dormir um somno d'innocencia
No teu regaço, em morbida indolencia,
Mas para me enforcar no teu cabello.