Tão suave, tão fresca e tão formosa

ODE II.

Tão suave, tão fresca e tão formosa,

Nunca no ceo sahio

A Aurora no princípio do verão,

Ás flores dando a graça costumada,

alta pureza deleitosa

Que ao mundo s'encobrio;

E nos olhos Angelicos, que são

Senhores desta vida destinada;

E naquelles cabellos, que soltando

Ao manso vento, a vida me enredou,

M'alegro e m'entristeço.

Saudade e suspeita perigosa, Que Amor constituio

Por castigo daquelles que se vão;

Temores, penas d'alma desprezada,

Fera esquivança, que me vai tirando

O mantimento que me sustentou,

A tudo me offereço.

Amor isento a huns olhos m'entregou,

Nos quaes a Deos conheço.