Tenho fé na meiga aurora
No horizonte a despontar —
Quando junto a altivas rochas
Eu contemplo o argenteo mar.

Tenho fé n’uma estrellinha
Lá nos céus só a brilhar —
Quando em noite escura e feia
Vem-me a mente acalentar.

Tenho fé tambem na lua
Mesmo a pino a fulgurar —
Quando a sós e merencorio
Vou na lyra a descantar.

Mas quando diviso uns olhos
Negros — negros a mirar
Minha fé inda é mais pura
Porque nunca ha de acabar.

Porque uns olhos negros — negros
De tão doce e mago olhar
Tem mais brilho do que os astros
No firmamento a brilhar!