Ouço dentro de mim soluçar um queixume,
Quando a cobra dos teus dois braços se me enlaça;
Sofro nela tua força, e a tua força é a graça,
Graça enfim que te eleva às proporções de um nume.
O teu sorriso sai como o golpe do gume
De seta, que entra por alma a dentro e a espedaça;
Serei cinza, isto é, hei de ser antes lume:
E que amarga ventura! e que feliz desgraça!...
Veio comigo como Eurídice arrancada
Ao orco, e te deixou no abismo despenhada,
Por noite escura e funda, um anjo mau qualquer,
...E atravessaste o céu... e enfim chegaste à terra
Com pedaços de fogo e lágrimas, que encerra
O inferno, e dele o que arde e queima em ti, mulher...