Ninguém acredita que D. Paula tivesse lágrimas para o marido. Pois teve-as — poucas, é certo — mas não deixou de as chorar; quando o cadáver saiu. No dia seguinte, a impressão passara.

Que partida jogaria, agora que fortuna a libertara de toda a obrigação? Góis visitou-a, dias depois do enterro. Não lhe falou em sair de casa; também não lhe falou de amores. D. Paula agradeceu esse respeito, não obstante a certeza que ele tinha da separação moral em que ela viveu com o marido. O respeito estendeu-se a dois meses, depois quatro; Góis fez-lhe algumas visitas, sempre frias e curtas.

Dona Paula começou a crer que ele não a amava. No dia em que esta convicção lhe entrou no coração, esperou resoluta; mas esperou em vão. Góis não voltou mais.

A dor e a humilhação de D. Paula foram grandes. Não percebeu que a liberdade e a viuvez a tornavam fácil e banal para um espírito como o do cúmplice. Teve amarguras secretas; mas a opinião pública foi em seu favor, porque imaginaram que ela o expulsara de casa, com sacrifício e para punição de si mesma.