Aos ſenhores letores:


NEnhũa couſa deſtavida humana he taõ aproueitiuel aos viuentes que lembrança e’memoria dos beẽs, e’males passados, pera do mal nos guardarmos regendo avida pera nelles nõ cairmos segũndo os boõs fizeraõ, e’dentro nalma mui puro amor eviua lembrança naquelle alto D’s[1] que lh’aprouue padecer por saluação do mundo, com inteira crença q̃ se bem obrarmos nos dará gloria æterna. E’aos que deſta lembrança carecermos, condenação sem fim. Poloque’piadosamẽte’se póde crer q̃ ante D’s[1] terão merecimto os q̃ boas cousas sereuirẽ. Nom fallo na sagrada escritura, que he a eſtrada de nossa saluação, somẽte digo de boõs e’virtuosos feitos dos passados, cujas memorias e lembrãças segundo cada hũ teẽ a inclinaçaõ dellas, recolhẽ o fruito de seus contẽtamentos: De que algũs tãto goſtarão que houuerão por riqueza ter grande liuraria, sómente’polo goſto que tomaraõ de ler, e’saber cousas

passadas. Eu o somenos de todos que cousas alheas memorarão cõ meu fraco e’rudo entendimento m’enclinou o desejo pera screuer e’memorar as cousas da India cõ meu parecer q̃ em outro tpõ parecerão ? aquẽ as ouuir. Se? quis ??? eſte’ trabalho, amĩ tão escusado, nacido da oirosidade? pois na grande Chronica do Excellentissi?? Rey Do? Manuel que a India mandou descobrir. E’do exclarecido? principe? dom João nosso snõr? successor ẽ sua gloria ẽ tanta perfeição serão recontadas E escritas ẽ tanta perfeição: Do que amĩ? somente fica ser scritor teſta de viſta e’a do Chroniſtta do Reino he do ???, tomer eſte trabalho com goſto por q̃ os começos das cousas da India foraõ cousas taõ douradas que parecia q̃ naõ tinhaõ debaxo o ferro q̃ despois descobrão. E proseguindo eu minha teima fui auante’ porq̃ nom perdesse o que tinha trabalhado crescerão males, mingoarão os beẽs com que quasi tudo se tornou ẽ? viuos males com q̃ o escritor delles com razaõ se póde ahamar? pragueção?

  1. 1,0 1,1 Deus