À Piche do Jackson

Não, não é que comigo ele nascesse... A sua asa
Só a um tempo ruflou, desse modo, tamanho!
- Bateu-me o coração. E outro eu não sei que, estranho,
Rudemente o rasgou, como o seu bico em brasa.

Entrou-no todo, enfim, como quem entra em casa,
E em meu sangue, a cantar, fez de um boêmio no banho.
Ah! Que pássaro mau!E nunca mais o apanho!
Vês: estou velho já... treme-me o passo, e atrasa...
 
Olha-no bem, no peito, um rubro ninho aberto!
Hoje, fúnebre, a piar uma estrige ao telhado,
E o meu seio vazio! E o meu leito deserto!
 
Ah! Vivi só por ver, como curvo aqui fico,
Esse pássaro voar, longamente, um bocado
De músculo pingando a levar-me no bico!