Tardes de ouro para harpas dedilhadas
Por sacras solemnidades
De cathedraes em pômpa, illuminadas
Com rituaes magestades.
Tardes para quebrantos e surdinas
E psalmos virgens e cantos
De vozes celestiaes, de vozes finas
De surdinas e quebrantos...
Quando atravez de altas vidraçarias
De estylos gothicos, graves,
O sol, no poente, abre tapeçarias,
Resplandescendo nas naves...
Tardes augustas, biblicas, serenas,
Com silencio de ascetérios
E arômas leves, castos, de assucênas
Nos claros ares sidéreos...
Tardes de campos repousados; quiétos,
Nos longes emocionantes...
De rebanhos saudosos, de secrétos
Desejos vagos, errantes...
Ó Tardes de Beethoven, de sonatas,
De um sentimento aéreo e velho...
Tardes da antiga limpidez das pratas,
De Epistolas do Evangélho !...