A E. C.

Há, minha amiga, a vida tenebrosa,
Sem sorrisos nem lágrimas na trama,
Bem como um tronco, que somente a chama
Arranca dele a cinza perigosa.
 
Ninguém lhe soube os sonhos cor de rosa,
Ninguém lhe soube o que deseja ou ama,
Razão, orgulho, dor misteriosa,
O que há dentro, por fora não derrama.

Tem sobre a face a máscara uniforme;
É como um mar de gelo ermo e tranqüilo;
Atrás de um muro vive, acorda, e dorme.

Duro enigma de bronze à vista exposto,
Um ódio eterno deve ser aquilo...
O ódio deve ter aquele rosto...