Vinde Paſtorinhos,
Chegai correndo,
Que o Menino que naſce,
He hum Cordeiro;
Oh que lindo, que manſo,
Que rico, que belo;
Bem podeis guardálo,
Tendo por certo,
Que o achalo he do Lobo,
Todo o empenho.
Oh que lindo, que manſo,
Que rico, que belo;
Oſtentai cuidado,
No ſeu ſocego,
Que ſe tendes deſcuidos,
Sois indiſcretos.
Oh que lindo, que manſo,
Que rico, que belo;
Deixai que deſcanſe
Pois virà tempo,
Que elle por deſcanſarvos,
Tenha deſvello.
Oh que lindo, que manſo,
Que rico, que belo;
Dailhe os coraçoens,
Pois julgo a certo,
Que o telo deſcanſado
Tomeis a peito.
Oh que lindo, que manſo,
Que rico, que belo;
Trazeyo à viſta,
Que nos diſcretos,
So he alvo dos olhos,
Tam branco emprego.
Eſtribillo.
Chegai Paſtorinhos
Ao Fogo chegai,
E da Luz, que brilhante o incende
Luzes para os olhos pedi, & aceitai;
Chegai com affectos,
Correy, chegai.
Coplas.
O Menino eſtà nas palhas,
Por conjecturas me conſta,
Ay meu amor, ſim meu bem;
Que ha de haver algum incendio,
Pois he fogo, & Luz viſtoza,
Ay meu amor, ſim meu bem;
He Menino Amor, & vejo,
Que na luz que amante moſtra,
Ay meu amor, ſim meu bem;
Hum claro farol oſtenta
Para o ſeguir quem o adora.
Ay meu amor, ſim meu bem;
Agoa, & Fogo, em Peito, & Olho[s]
Poem deligente em concordia,
Ay meu amor, ſim meu bem;
Porque vem a unir contrarios,
E em ſi não quer o que notta.
Ay meu amor, ſim meu bem;
Paſtores ſe he que eſtais frios,
Nas finezas amorozas,
Ay meu amor, ſim meu bem;
Tendes o Fogo, materia
Fazey das almas agora.
Ay meu amor, ſim meu bem.
Eſtribillo.
Chegai Paſtorinhos
Ao Fogo chegai,
E da Luz, que brilhante o incende
Luzes para os olhos pedi, & aceitai;
Chegai com affectos,
Correy, chegai.