Num brilho cintilante de tiara persa a Via-Láctea encurva-se do alto por sobre mim, nas alvas flores cristalinas das suas estrelas.

Encurvas-se sobre mim na pompa negra da noite densa, vagamente lembrando o luminoso esplendor de uns olhos dentre a pompa negra de aromados cabelos.

Como em arejados pátios claros de castelos renanos por que desfilassem visões germânicas, wills enamoradas e vaporosas, sílfides serenas e encantadoras, ao luar das baladas, década estrela frígida, branca, desfila, vai desfilando nas rutilantes esferas uma Ilusão, um Sonho e cada Sonho e cada Ilusão se corporifica, toma consistência dos nervos e cinzelada escultura de linhas, e eis então aí fascinadoras, deslumbrantes mulheres avassalando o firmamento como ampla Via-Láctea de corpos ondulantes e níveos...


Ah! mulher que eu procuro e deseja da tenda nômade da Arte, peregrina e fugidia sereia! que as harmonias deliciosas da tua carne não sejam misteriosas para mim como a Via-Láctea, a cujas estrelas, que representam cada uma Ilusão e um Sonho, está infinitamente presa, num amoroso eletrismo, esta alma ardente, alanceada e nervosa...