Vou em mim como entre bosques,
Vou-me fazendo paisagem
Para me desconhecer.
Nos meus sonhos sinto aragem,
Nos meus desejos descer.
Passeio entre arvoredo
Nos meandros de quem sinto
Quando sinto sem sentir
Vaga clareira de instinto,
Pinheiral todo a subir...
Sorriso que no regato
Através dos ramos curvos
O sol, espreitando, achou.
Fluir de água, com tons turvos,
Onde uma pedra adensou.
Grande alegria das mágoas
Quando o declive da encosta
Apressa o passo ou querer...
De que é que a minha alma gosta
Ser que eu tenho de saber.
Muita curva, muita coisa,
Todas com gentes de fora
Na alma que sinto assim.
Que paisagem quem se ignora!
Meu Deus, que é feito de mim?