Si descrever a vida de um amigo ou de qualquer outro homem é um encargo por demais penoso, quanto mais não será o enumerar os principaes acontecimentos que se tem dado na d'aquelle, que pelo voto do povo acha-se collocado em uma altura d'onde elles mal podem ser apreciados!
Não é, pois, uma analyse completa da vida do Imperador, que aqui pretendemos traçar: esta tarefa pertencera mais tarde ao historiador, que, dia por dia, conto seu escalpello, aprofundar-se-ha no estudo ainda das menores circumstancias.
O historiador tem um reinado inteiro, pode apreciar os factos pelas consequencias que se seguiram, pode mesmo penetrar as intenções; tem espaço, tem vagar, convem-lhe estender-se; a nós falta espaço nas acanhadas columnas d'esta revista, falta-nos tempo, e sobretudo falta-nos um dos ramos mais proficuos para o historiador — o assumpto político. As conveniencias impõem-nos esta falta, ou antes o calculo impõe-nos este silencio.
Consideraremos, pois, a vida de D. Pedro II como a vida do um homem, pela mão do Deus ou do destino collocado acima dos outros homens, para reinar e zelar os seus interesses.
Um dia ha que se tornou notavel para o Brasil, o dia 19 de Janeiro do 1808, em que chegou o principe regente, que depois fundou o imperio americano.