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A RAINHA ALICE
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cumprimento, que a menina retribuiu com a mesma amabilidade.

— Quer que a sirva duma fatia? perguntou ela às duas Rainhas, tomando a faca e o garfo.

— Oh, não! exclamou a Rainha Negra com energia. Não é da etiqueta trinchar as criaturas que nos são apresentadas. E deu ordem aos criados para retirarem o carneiro e trazerem o pudim.

— Não quero ser apresentada ao pudim, gritou incontinênti Alice, do contrário ficarei sem jantar. Aceitam um pedaço?

Mas a Rainha Negra fingiu-se de desentendida e a apresentou ao pudim. Alice... Sr. Pudim. Sr. Pudim... Alice. E logo em seguida os criados retiraram o pudim, como haviam feito ao carneiro.

Alice não achou direito que só a Rainha Negra pudesse dar ordens, e para ver o que acontecia resolveu dar ordens também. Criado, disse ela, traga de novo o pudim! O pudim veio, mas cresceu tanto no caminho que Alice ficou atrapalhada com o seu tamanho. Mesmo assim deu um jeito e cortou um pedaço para o oferecer à Rainha Negra.

— Que impertinência! exclamou o pudim. Queria muito saber o que faria se eu também cortasse um pedaço de você!

O pudim disse isso numa voz grossa e gordurosa, que deixou a menina atrapalhada e de bôca aberta.

— Fale! Responda! gritou a Rainha Negra. É feio isso de deixar que o pudim fale sòzinho.

Alice resolveu falar. — Como Vossas Majestades sabem, eu ando muito cheia das poesias que me recita-