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ALICE NO PAÍS DO ESPELHO

ram hoje, começou ela um tanto amedrontada do silêncio que se tinha feito e de tantos olhos fixos em sua pessoa. Mas o curioso é que tôdas essas poesias eram a respeito de peixes. — Poderão Vossas Majestades dizer-me por que motivo gostam tanto de peixe por aqui?

Quem respondeu à pergunta foi a Rainha Negra, mas respondeu sem responder, pois o que disse foi: — Por falar em peixe (e para dizer isto encostou a bôca ao ouvido da menina), Sua Majestade a Rainha Branca sabe uma adivinhação em verso exclusivamente sobre peixes. Quer que ela a recite?

— Sua Majestade a Rainha Negra é muito gentil, murmurou a Rainha Branca no outro ouvido de Alice, mas é verdade o que ela diz. Essa adivinhação vai ser um sucesso. Quer que a recite?

— Com todo o prazer a ouvirei, respondeu Alice polidamente.

A Rainha Branca sorriu de prazer e deu tapinhas no rosto da menina. Depois recitou:

Primeiro, o peixe tem que ser pescado.
Isso é fácil: um nenê pode pescá-lo.
Depois, precisa ser comprado.
Isto é fácil: com uns níqueis é comprado.

Agora, preparem-me o peixe!
Fácil, questão de poucos minutos.
Ponham-no no prato!
Facílimo, se existe por ali algum prato.