"Doida não!" Antes vítima/A loucura ajuizada

A loucura ajuizada
 

 

A sciência moderna já conta com novos recursos para ir além de análises psiquiátricas cingidas ás fórmulas vulgares na classificação das doenças mentais. Existem inventos de psicómetros que são os verdadeiros reflectores do cérebro e da alma humana. E se preciso fosse recorrer a essa análise talvez que não ficasse muito airosamente classificada a opinião dos clínicos que foram chamados a proceder a vários exames no estado mental da Ex. Snr. D. Maria Adelaide Coelho da Cunha.

Muitos dêsses ilustres peritos deram classificação de loucura, a manifestações de que sofrem o vulgar das pessoas e até muitos médicos que fazem os diagnósticos patológicos. Eu sei de alguns casos. E, se preciso fôr, virão a lume para demonstrar que os sintomas que serviram de pretexto, são os mesmos que se manifestam nas excentridades neurasténicas de que sofrem várias pessoas, com a agravante de se converter o meio familiar em fábrica de neurastenia e martirios. Não póde ser, um Deus para uns outro para os mais. Não é humano fazer passar por doidas creaturas que são apenas tão doidas como aqueles que, padecendo da mesma doença, são realmente, capazes de as fazer endoidecer, com as suas neuroses de egoistas. Ou tambem teem direitos de sexo as doenças patológicas?

Seria caso para rir, se não se tratasse de coisas profundamente sérias.

Pois bem; provar-se ha aos ilustres e consagrados clínicos que a intuição é por vezes tão valiosa como a sciência. E que se a sciência os engana a si proprios, a intuição póde provar-lhes que enganando-se em opiniões sobre varias doidas com juizo ― ludibriam os seus próprios interesses e incorrem em delitos de responsabilidade anti-altruista, anti-humanitária e anti-social.

Não póde ser, repito, uma moral para as culpas femeninas, outra para os seus desvarios de grave consequência. O que em nós mulheres, é defeito, ser em V. Ex.a uma virtude?

E se o fiei da balança que a justiça de Deus põe no campo da verdade, pesar a verdade nestas parábolas da magnificat: «Exaltou os humildes e abateu os soberbos»?

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