Misérrimo de mim!... Despedacei a flor que desabrochara entre as urzes de minha alma, e derramava nela o seu mago perfume!... Apaguei a estrela que rompera um instante a procela de minha vida, para infundir-me no seio uma luz celeste!
Úrsula anseia nas vascas da agonia e fui eu que a matei; foi o horror de minha miséria que a assassinou.
Quando pressenti a fatal nova, pela agitação que ia na casa, perdi toda a razão, e precipitei-me pelos aposentos em busca da câmara onde se finava a minha única e fugaz alegria deste mundo.
Perceberam-me os da família; e esquecendo um instante a sua dor, esbordoaram-me com tamanha ira que ali caí sem espírito, com o corpo macerado.
Despertou-me uma reza cantada ali perto, e as luzes das tochas que desfilavam pela praia.
Era o enterro de Úrsula.
Levaram-na à Igreja de São Pedro Gonçalves. Vi deporem seu ataúde na essa rodeada de tocheiros e guardada pelas beatas.
A meia-noite voltarei.