O'! pallidos prophetas, ó! tristes pensadores,
Vós que passais na terra juncada d'esplendores
C'os olhos, onde estrellas se vêem resplandecer,
Fitos em horisontes que ninguem pode vér!
O sol, n'outro hemispherio vai os fulgores mostrar!
«Cai além um diluvio dos reflexos do dia,
«Em quanto aqui é noite densa, escura e'sombria,
«Assim, quando nos cerca da morte o escuro véo,
«Nós somos esses astros que vão brilhar no ceu!..
Oh! pallidos prophetas, qual é o vosso caminho?
Cysnes, que andais sósinhos longe do patrio ninho,
Em busca das auroras, das brisas da manhã;
Abelhas que os licôres exhauris da romaa,
Dos lyrios e das rosas; que sorveis os perfumes,
Que a vossa mãe Psyché vos dá; quando esses lumes,
Que à noite, scintillando sobre os ethereos véos,
Vos dizem o caminho das phalanges de Deus,
Atravessais a terra, sempre a cantar um hymno!..
Sublimes pensadores, qual é o vosso destino?
«Quando p'ra nós s'esconde, nos abysmos do mar
«O sol, n'outro hemispherio vai os fulgores mostrar!
«Cai além um diluvio dos reflexos do dia
«Em quanto aqui é noite densa, escura e sombria
«Assim, quando nos cerca da morte o escuro véo,
«Nós somos esses astros que vão brilhar no ceu!..
Pedro Augusto de Lima.