O meu amigo Reis levou-me do gabinete do armênio para o armazém.
— E então? perguntei-lhe...
— Não sei... não sei... não sei... repetiu o Reis, respondendo-me; este homem parece o. demônio...
— Duvida ainda?
— Não posso explicar o que testemunhei; mas duvido sempre.
— É demais!
— Vá ensaiar a sua luneta, e volte a dizer-me o que ela é; preciso saber tudo...
Foi só ouvindo esse convite do meu amigo Reis que me lembrou o pedido importantíssimo que eu devia fazer ao mágico.
— Ah! exclamei; esqueceu-me pedir ao armênio algum encanto, algum talismã que me pusesse a salvo da perseguição popular. Eu não poderei usar a minha luneta sem expor-me aos maiores perigos . . .
— Podes! disse uma voz grave: nada receiem
Era o armênio que me mostrara à porta do fundo do armazém, e que apenas acabou de pronunciar essas palavras, se retirou, desaparecendo como uma visão misteriosa.
Despedi-me logo depois do meu amigo Reis que ficara mudo de surpresa e admiração.
Era dia; venci porém a minha ardente ansiedade, resolvido a fazer o primeiro ensaio da minha nova luneta mágica em minha casa, a sós, e livre de qualquer curioso observador.