Vem a Nau Catarineta,
Já farta de navegar:
Sete anos e mais um dia
Andou nas ondas do mar.
Não tinham mais que comer.
Nem tão pouco que manjar;
Botaram solas de molho,
Pra no domingo jantar;
A sola era tão dura
Que não podiam tragar;
Botaram sortes em branco
Ao qual havia tocar.
A sorte caiu em preto
No capitão-general;
A maruja era tão boa
Que o não queria matar.

"Sobe, sobe, oh! Chiquito,
Naquele tope real,
Vê se vês terras de Espanha,
Areias de Portugal.

— Não vejo terras de Espanha,
Areias de Portugal,
Vejo só a três espadas
Pra contigo batalhar.
"Sobe, sobe ali, marujo,
Naquele tope real;
Vê se vês terras de Espanha,
Areias de Portugal.

— Alvíssaras, meu capitão,
Alvíssaras vos quero dar:
Já vejo terras de Espanha,
Areias de Portugal;
Também vejo três meninas
Debaixo de um laranjal.

"Todas três são minhas filhas,
Todas três te dera a ti:
Uma para te lavar,
Outra para te engomar,
A mais bonita delas todas,
Para contigo casar.

Palavras não eram ditas,
Chiquito caiu no mar.

Referência editar

  • Silva, Libório Manuel (2010), A Nau Catrineta e a História Trágico-Marítima: Lições de Liderança, ISBN 978-989-615-090-7, Centro Atlântico, Portugal.