MARIO DE AMDRADE
Vêm duas costureirinhas pela rua das Palmeiras ..
Afobadas braços-dados depressinha
Bonitas, Senhor! que até dão vontade pros homens da rua.
As costureirinhas vão explorando perigos.
Vestido é de seda.
Roupa-branca é de morim.
Falando conversas fiadas
As duas costureirinhas passam por mim.
«Você vai ? »
«Não vou não».
Parece que a rua parou pra escuta-las.
Nem os trilhos sapecas
Jogam mais bondes um pro outro.
E o Sol da tardinha de Abril
Espia entre as palpebras sapiroquentas de duas nuvens.
As nuvens são vermelhas.
A tardinha é cor-de-rosa.
Fiquei querendo bem aquellas duas costureirinhas...
Fizeram-me peito batendo
Tão bonitas tão modernas tão brasileiras !
Isto é...
Uma era italo-brasileira.
Outra era africo-brasileira.
Uma era branca.
Outra era preta.
Esta obra entrou em domínio público no contexto da Lei 5988/1973, Art. 42, que esteve vigente até junho de 1998.
Caso seja uma obra publicada pela primeira vez entre 1929 e 1977 certamente não estará em domínio público nos Estados Unidos da América.
Todas as obras publicadas antes de 1.º de janeiro de 1929, independentemente do país de origem, se encontram em domínio público.
A informação acima será válida apenas para usos nos Estados Unidos — o que inclui a disponibilização no Wikisource. (detalhes)
Utilize esta marcação apenas se não for possível apresentar outro raciocínio para a manutenção da obra. (mais...)