Amo aquella formosa e terna moça
Que, á janella encostada, arfa e suspira;
Não porque tem do largo rio á margem
        Casa faustosa e bella.

Amo-a, porque deixou das mãos mimosas
Verde folha cahir nas mansas aguas.

Amo a briza de leste que sussurra,
Não porque traz nas azas delicadas
O perfume dos verdes pecegueiros
        Da oriental montanha.

Amo-a porque impellio co′as tenues azas
Ao meu batel a abandonada folha.

Se amo a mimosa folha aqui trazida,
Não é porque me lembre á alma e aos olhos
A renascente, a amavel primavera,
        Pompa e vigor dos valles.

Amo a folha por ver-lhe um nome escripto,
Escripto, sim, por ella, e esse... é meu nome.

  1. ver Phalenas (1870), p. 215, em nota do próprio Machado de Assis.