Arte Suprema
<poem>
- Tal como Pigmalião, a minha idéia
- Visto na pedra, talho-a, domo-a, bato-a;
- E ante os meus olhos e a vaidade fátua
- Surge, formosa e nua, Galatéia
- Mais um retoque, uns golpes... e remato-a;
- Digo-lhe: "Fala!" ao ver em cada veia
- Sangue rubro, que a cora e aformoseia...
- E a estátua não falou, porque era estátua.
- Bem haja o verso, em cuja enorme escala
- Falam todas as vozes do universo
- E ao qual também arte nenhuma iguala.
- Quer mesquinho e sem cor, quer amplo e térso
- Em vão não é que eu digo ao verso: "Fala!"
- E ele fala-me sempre, porque é verso.