Personagens: LUÍSA e o PRIMEIRO DOENTE

PRIMEIRO DOENTE (Entrando com uma criança ao colo embrulhada em um cobertor.) — Bom-dia, Senhora Doutora.

LUÍSA — Bom-dia. Então como passou a pequena de ontem para cá?

PRIMEIRO DOENTE — Ah! Senhora Doutora, não passou bem, não.

LUÍSA — Vamos ver isto, vamos ver isto! (Levanta-se e exa­mina a criança.) Ah! está muito melhor. (Apalpando-lhe o pulso.) Já não tem febre. O que você deve fazer é mudar-se quanto antes do cortiço onde mora. Aquilo é um lugar terrível.

PRIMEIRO DOENTE — Já hoje estive à procura de casa, doutora.

LUÍSA — Continue com as pílulas que receitei.

PRIMEIRO DOENTE — O que é que ela pode comer, Senhora Doutora?

LUÍSA — Tem fastio?

PRIMEIRO DOENTE — Muito.

LUÍSA — Pode comer tudo, somente é bom não abusar de apimentados e salgados. (Primeiro doente vai a sair.) Espere. (Escrevendo.) Para abrir o apetite tome em cada refeição meio cálice deste vinho que aí vai. (Entrega-lhe a receita.) Mande fazer isto na botica do Nogueira, no Largo da Lapa.

PRIMEIRO DOENTE — Sim, senhora. Então passe bem. (Sai.)