Cenário: Sala regularmente mobiliada.

Personagens: LUÍSA e EULÁLIA

EULÁLIA (A Luísa.) — Deste modo a menina está se matando. Não dormiu à noite, não comeu nada... Olhe que não vale a pena. A vida é tão curta que, quando a gente menos espera, está a viajar deitada, sem chapéu e de barriga para o ar. Venha comer alguma coisita, sim?

LUÍSA — Não quero nada.

EULÁLIA — Olhe, vou preparar-lhe uma gemada, ou então um mingau de tapioca daqueles que eu costumava fazer quando a menina era pequena, lembra-se?

LUÍSA — Já te disse, não quero nada.

EULÁLIA — A senhora está zangada comigo?

LUÍSA — Não estou.

EULÁLIA — Aquela maldita seringa depravada é que foi a causa de tudo. (Batem.)

LUÍSA — Vai ver quem é. (Eulália vai mas volta logo.)

EULÁLIA — O Senhor Doutor Martins.

LUÍSA — Manda-o entrar.

EULÁLIA — Então a menina não quer tomar nada?

LUÍSA — Já te disse que não. Deixa-nos sós. (Eulália introduz Martins e sai.)