ferecido
pelo autor ao ilustre Português, Magalhães Lima, viera ter ás minhas mãos sequiosas de luz e justiça, o magnifico livro de Jean
Finot Les Préjugés et le Problème des Sexes. O misterioso e previdente
ocultismo estabelecêra a sua corrente transmissora entre sêres de
afinidade. Folheei as primeiras paginas. Alumiou-me um clarão. As
seguintes adivinhava-as antes de as lêr. A sua luz inspirava-me antes de irradiar. A sua essencia pressenti-a antes de suavizar de conforto a sobrevivência do meu passado amargurado. Nunca um livro d'este genero me fôra tão grato na sua nitida expressão da verdade. Nunca outro me falára mais sugestiva e tocantemente ao coração e á consciência. Traçou-me na imaginação o esboço d'este. O primeiro é um livro de razão, de luz, incrustado n'uma subtil
sensibilidade artística e humana. E' profundo, é scientifico. Este é um livro de realidade e sentimento. Encontram-se na essencia. Completam-se no sentido. Desdobram-se no efeito. O primeiro é a alma d'este, e este é a alma do primeiro.
Este meu trabalho não representa uma obra literária ou scientifica.
E' um livro expontâneo, verdadeiro. São paginas de alma abertas pelo escalpelo do martyrio. Reside n'esse facto o seu único valor. Tudo o que se colhe do natural é sincero. E tudo o que é sincero, é caloroso, é sugestivo. Deve por isso produzir uma impressão de intensa realidade.
Foi escrito de um jacto. Em alguns dias apenas.
Testemunharam esse facto os meus ilustres camaradas e bons amigos Magalhães Lima, Mayer Garção e Sousa Costa, que me ajudaram na revisão das provas sem outra colaboração no seu conjunto. Visitando-me com uma grata frequência de aliados espirituais, viram-me trabalhar febrilmente na sua execução. E surpreendia-os a rapidez com que o tracei, ao correr expontaneo da pena.
Convenceram-se de que, na sua modéstia, é sómente obra minha, gerada na inspiração da dôr vivida que refloresce em amor humanitário sentido e verdadeiro. E que todos os raciocinios que exponho ponho sobre coisas que nunca estudei, são obra do instinto, talvez convertido em medium de algum espirito mais culto e superior do que o meu.
Tem defeitos? Sem duvida, e muitos. Mas eu considero-me apenas o mineiro obscuro extraindo a pedra em bruto que será diamante fulgido.
Os grandes sociologos, os grandes filosofos e psicologos como Jean Finot, que a facetem para que irradie em maior brilho a sua transparência doutrinaria. Esbocei os traços de uma intensa verdade, colhidos de uma verdade intensa.
Que a justiça e a razão a proclamem, a defendam e a compreendam.