Nice, 02 de março de 1887

Caro senhor,

Com esta carta respondo ao senhor três assuntos tratados na sua correspondência, obrigado pela confiança com que me permitiu dar uma olhada na porcaria de princípios que situam-se no coração deste estranho movimento. Todavia eu peço, no futuro, que não me envie mais estas cartas [anti-semitas]: eu receio, afinal, pela minha paciência. Acredite-me: este abominável "querer dizer" de barulho diletante acerca do valor de pessoas e raças, esta sujeição à "autoridades" que são completamente rejeitadas com frio desprezo por qualquer mente sensível (tal como E. Dühring, R. Wagner, Ebrard, Wahrmund, P. de Lagarde - quem dentre esses é mais qualificado, mais injusto, em questões de história e moralidade) estas falsificações permanentes e absurdas, estas racionalizações de conceitos vagos como "germânico", "semita", "ariano", "cristão","alemão" - tudo isso pode acabar por me fazer perder a moderação e me fazer sair da irônica complacência com a qual até aqui tenho observado as virtuosas veleidades e farisaísmos dos alemães modernos.

- E, por último, o que você acha que eu sinto quando o nome de Zaratustra sai da boca de anti-semitas?...

- Sr. Fritsch, você me faz vomitar! Eu vomito quando o nome de Zaratustra sai de sua boca.


Humildemente, seu Dr. Fr. Nietzsche