Ao Liceu de Artes e Ofícios
Como esta luz é serena,
Como esta luz é sincera;
Como eu vejo a primavera
Num lápis e numa pena.
Que prismas de luz ardente,
Que prismas de luz suave;
Como eu sinto um canto de ave
Em cada boca inocente.
Sim! Que o estudo é como a aurora
Que nos entra pela casa,
Num vivo fulgor de brasa,
Vibrante, alegre, sonora.
Ele rasga a treva espessa,
Num só momento — cantando;
Vai estrelas semeando
Em cada tenra cabeça.
Tira os crânios do letargo
Da ignorância — pois entra
Como um sol e se concentra
Num esplendor muito largo.
Quem, ó Arte imaculada,
Medisse o ser da criança,
Pela alma de uma esperança
Pela alma de uma alvorada.
Quem aos páramos subindo,
Eternamente pudesse,
Dos astros a loura messe
Arrancar — depois abrindo
Os peitos das criancinhas
Jogá-los dentro e beijá-las
Cheias de pompa e das galas
Que a luz concede às rainhas!...
Pois que a treva entre fulgores,
É como, dentre ataúdes,
Rebentar como virtudes,
As mais simpáticas flores.
Ah! Ninguém sabe, por certo,
Quanto é bom, quanto é saudável,
Sentir a crença adorável
Como um clarão sempre aberto.
Ver os germens do futuro
No campo eterno da escola
Brilhando como a corola
De um lírio cândido e puro.
Ver morrer — como uns invernos
Da vida, os velhos colossos
E ver erguerem-se os moços
Como verões sempiternos.
Mães, ó mães tão estremosas,
Dos vossos ventres fecundos
Saem todos esses mundos
Das idéias fulgurosas.
Tudo isso quanto há escrito
De pensamento e crenças
Saiu das fontes imensas
De um grande amor infinito.
E desde a escrita a leitura
E desde um livro a uma carta,
A bondade sempre farta
Das mães — esplende e fulgura.
Bom dia ao mestre que é guia
Das belas crianças louras!
Bom dia às mães porvindouras,
À mocidade — Bom dia!