Correspondência ativa de Euclides da Cunha em 1898

S. José do Rio Pardo, 24 de março de 1898 editar

Meu caro amigo

10, 100, 1000… 10000 desculpas! 50000 perdões!

Estou aqui há dez dias e só hoje posso escrever-te e a outros amigos. Hosé é véspera de dia santo; os italianos não trabalham no dia consagrado à Madona – e é por isto que te posso escrever, afinal. Tenho a existência aspérrima de um condenado a trabalhos forçados, à margem de um rio odiento, diante do espantalho de uma ponte desmantelada, ouvindo a orquestra selvagem e arrepiadora das marretas e dos malhos — testemunha contrafeita de um duelo formidando entre o ferro e o aço!

Mas cumpro afinal o dever de dizer-te que aqui estou sempre o mesmo, o mesmo ingrato, esquisito…

A Saninha envia saudades a d. Maria Júlia e a toda a tua família.

Peço-te dizer aos nossos amigos comuns que aqui estou às ordens; dê-lhes lembranças e saudades. E adeus. Receba apertado abraço do amº

Euclides

[Cartão de visita. Impresso: Euclides da Cunha]

[cartão]

S. José do Rio Pardo, 5 de dezembro de 1898 editar

Dr. Afonso Arinos

O portador deste, ― Francisco de Escobar, intendente municipal desta cidade, ex-republicano vermelho (infelizmente descambando para outras regiões), é um amigo meu que lhe entregará um volume de Paulo Couvier e pedirá notícias de um artigo que daqui enviei para a Revista Brasileira.

Sempre ao seu dispor, sou um amº abrdo.

Euclides