De cá, donde somente o imaginar-vos
A rigorosa ausencia me consente,
Sôbre as azas de Amor, ousadamente
O mal soffrido esprito vai buscar-vos.
E se não receára de abrazar-vos
Nas chammas que por vossa causa sente,
Lá ficára comvosco e, vós presente,
Aprendêra de vós a contentar-vos.
Mas, pois que estar ausente lhe he forçado,
Por senhora, de cá, vos reconhece,
Aos pés de imagens vossas inclinado.
E pois vêdes a fé que vos offrece,
Ponde os olhos, de lá, no seu cuidado,
E dar-lhe-heis inda mais do que merece.