Deodoro da Fonseca (número único)/Coluna 1-2/Página 2/Deodoro

DEODORO

Faz hoje um mez que deixou de existir o valente soldado brasileiro, o immortal fundador da Republica.

Dizer quanto o Brazil deve a esse seu filho benemerito, é impossível.

Os grandes serviços prestados á nação brazileira pelo intemerato marechal Deodoro—compete a Historia,que em seu severo julgamento não se obceca na lucta apaixonada das apreciações politicas.

Ella dirá que o grande cidadão veiu arrancar a patria brazileira de um profundo torpor.

Accrescentará que o advento da Republica veiu injectar nas veias do grande povo brazileiro o enthusiasmo pelo progresso, o amor ao trabalho livre e bem compensado, á dedicação ás causas nobres e justas.

Sim, a Historia da nossa patria terá uma pagina dourada para dedicar ao grande cidadão, ao honrado brasileiro que tanto dignificou-a, já como soldado valente, já como cidadão, cujos merecimentos civicos o levaram a immortalidade.

No dia em que se commemora o seu passamento o humilde autor destas linhas debruça-se respeitosamente no aliar da sua consciencia de republicano convencido e envia os seus sentimentos de pezar á familia do benemerito cidadão.

Associa-se á patria compungida ao exercito nacional, que lamenta a perda de tão prestigioso cidadão, e confia que os grandes exemplos de honradez, patriotismo, prudencia e magnanimidade, tantas vezes revelados por aquelle grande coração, sirvam de estimulo para todos aquelles que labutam pelo progresso do paiz, desejando que elle marche desassombradamente pela senda florida do trabalho e da paz— unicos factores da felicidade das nações.

Rio Grande, Setembro de 1892

F. DE Paula PIRES.


Esta obra entrou em domínio público no contexto da Lei 5988/1973, Art. 42, que esteve vigente até junho de 1998.


Caso seja uma obra publicada pela primeira vez entre 1929 e 1977 certamente não estará em domínio público nos Estados Unidos da América.