Deodoro da Fonseca (número único)/Coluna 4-5/Página 2/Honra

HONRA
à memoria do generalissimo
Manoel Deodoro da Fonseca

Se a dor poder transformar o
coração em lagrimas, a da patria
já teria mergulhado a arides de
vossa sepultura.

Deodoro não morreu, os genios não morrem, a morte é a continuaçàã da vida.

Os ultimos dias de Deodoro foram dedicados ás grandes ideias de ordem, progresso e civilisação, ideias que os brazileiros abraçaram, por se acharem na vanguarda das grandes aspirações americanas.

A fundação da Republica brazileira é a elle devido, foi feita sem luto e sem pranto!

Jamais pôde ser julgada uma precipitação condemnavel, impoz-se pela magestade de sua grandeza, |teve os deslumbramentos de uma alvorada, foi o maior acto de sua vida de guerreiro, em fim fundou-se na moral que a sustem.

O tempo jamais pôde consumir o seu nome, e os seus feitos estão encerrados no sagrado coração da patria, que de luto, em contacto com seu ataúde, lhe serve de pedestal: — é o que bem alto grita a voz da eternidade, indo tão altivo brado retumbar em todos os cantos do orbe.

Sim, se é uma verdade incontestavel serem injustas as acções que repugnam ao estado social dos homens, certamente é uma d'estas acções o quererem negar a fundação da Republica á Deodoro da Fonseca; quem póde arrancar a luz do astro do dia para cobrir de trevas o mundo? Quem póde arrancar ao malvado o veneno da calumnia? Só a molestia, e tão somente a molestia, o obrigou a soffrer os ardis de homens fracos, vis e invejosos, os quaes só podem governar com o terror, com o extermineo dos irmãos, até mesmo com o sacrifício da |propria patria.

Honra portanto á memória de Deodoro, já que elle com crenças inabalaveis, com forças herculeas, e vontade de ferro, fundou a Republica brazileira, já que a patria agradecida o tomou nos braços para o levar ao coração da historia nacional, já que, em fim, invejosos de cerebro pequenino, tacanho e acanhado,moralmente combatidos, procuram cospir-lhe a campa de affrontos.

Já que não possuímos noção falsa do que seja a grandeza de um povo, já que sabemos que todas as tendencias hodiernas são eminentemente liberaes, já que não nos amedrontam resistencias que só abatem espíritos tibrios e consciências em trevas, já que a morte de Deodoro é para nós uma liberdade perdida,— unamos-nos em garantia do futuro da patria, e com o peso esmagador de nossas virtudes, com a razão que illumina os nossos espiritos, com fé, consciência e liberdade, colloquemos-nos em alas com as armas na mão para combatermos em favor das sacrossantas liberdades republicanas.

Só assim poderemos bradar,— somos os soldados da patria, somos os condemnadores da tirania, somos o amor do proximo, somos luz, ordem e progresso, somos vontade que executa, somos o coração que sente e que palpita o grande coração da patria, somos em fim os republicanos depositarios das crenças do fundador da republica, d'aquelle cujas glorias foram ganhas nos campos de batalha em defesa da patria em que nascemos.

Jamais concitamos que as palavras ordem e progresso, gravadas no estandarte nacional com a espada victoriosa de Deodoro, sejam palavras mentidas.

Um republicano de 15 de
Novembro.C. C.


Esta obra entrou em domínio público no contexto da Lei 5988/1973, Art. 42, que esteve vigente até junho de 1998.


Caso seja uma obra publicada pela primeira vez entre 1929 e 1977 certamente não estará em domínio público nos Estados Unidos da América.