CÉSAR (general e escritor latno) → Roma
Caio Júlio César (100? — 44 a.C.) foi uma das principais figuras do período áureo da cultura romana, como escritor, como homem político e como grande general. Sobrinho de Mário e inimigo do ditador aristocrata Sila, mostrou logo sua simpatia pelo partido democrático. Percorreu todos os degraus da carreira política, participando do primeiro triunvirato com Pompeu e Crasso (no ano 60 a.C.). Eleito cônsul em 59, começou uma grande reforma agrária, lutando contra os latifundiários. Em 58, ele obteve o governo da Gália, onde ficou dez anos, guerreando contra os bárbaros. Em 49, desobedecendo à ordem de Pompeu, ultrapassou o rio Rubicão, então fronteira entre a Gália e a Itália, pronunciando a famosa frase Alea jacta est! ("A sorte está lançada!"). Começava a Guerra Civil contra Pompeu que, temeroso do poder de César, procurara a ajuda do Senado e do partido aristocrático, e exigira que César dissolvesse seu exército. César derrotou Pompeu em Fársalo e, depois da rápida campanha vitoriosa no Egito (Veni, vidi, vici: "Cheguei, vi e venci"), avançou sobre Roma e se fez eleger Dictator, diminuindo o poder do Senado. Um grupo de republicanos extremados, chefiados por Cássio e Bruto, filho adotivo de César, matou o ditador com vinte e três punhaladas, nos idos de março (dia 15) de 44, ao pé da estátua de Pompeu, no Senado de Roma. César, além de ter sido importante como general (anexou vá¬rias províncias ao domínio romano) e como homem político (centralizou o poder sobre as províncias, antes consideradas quase como bens particulares da oligarquia senatorial, e continuou o sonho dos irmãos Graco de acabar com os latifúndios), foi também um grande escritor. Infelizmente, das muitas obras que ele escreveu nos vários gêneros literários, só nos restam seus Commentarii de Bello Gallico e Commentarii de Bello Civili, uma espécie de reportagem jornalística, feita por um escritor participante dos fatos, em que estão registradas as vitórias conseguidas por César sobre seus inimigos externos e internos, num estilo rápido e límpido, objetivo, falando de si próprio em terceira pessoa, como se o sujeito da enunciação não fosse a mesma pessoa do sujeito do enunciado. O nome de César passou à história como exemplo de grande general e de exímio estadista, tanto que os Imperadores romanos, a partir de Adriano, atribuíam-se o título de "César". Ainda hoje, falamos da Roma dos Césares e de Kaiser (César, em alemão) são chamados vários imperadores germânicos, especialmente Guilherme II. Este nome é também usado como marketing de uma tradicional e popular cerveja! A figura de César inspirou várias obras históricas e literárias, sendo utilizada também na arte cinematográfica e na estatuária. Lembramos apenas a encenação da peça Júlio César, de Shakespeare, montada pelo diretor Orson Welles em Nova York, durante o apogeu de Mussolini na Itália, para apontar a semelhança entre os dois ditadores italianos.