DIRETOR (encenador de obras teatrais, cinematográficas e televisivas)
Do latim vulgar directorem, indica quem dirige qualquer tipo de instituição ou é responsável pela produção artística de uma peça, de um filme ou de um programa televisivo. No teatro, tem a função de "encenador", de metteur— en-scène, sendo o coordenador de todos os elementos constitutivos de uma peça: texto, atores, público, cenografia, sonoplastia. Se o dramaturgo é o autor do texto, o diretor é o autor do espetáculo. Como o maestro de uma orquestra sinfônica, embora não toque nenhum instrumento, o diretor tem a função de dirigir o trabalho de todos os elementos do conjunto. A ele cabe a escolha do texto, o estudo apurado do script, a indicação dos atores capazes de interpretar os caracteres das personagens, a orientação dos técnicos da cenografia e da sonoplastia. Ele deve ter a percepção profunda do gênio, o ouvido apurado do músico, a consciência especial do dançarino.
Tudo isso sempre em função de alcançar o objetivo que ele tem em mente: ou a fidelidade ao texto do autor, com o intuito de conseguir uma perfeita reconstrução histórica, ou a adaptação da peça à nova realidade da época. Essa segunda hipótese é a mais aconselhável, pois a representação de uma obra teatral antiga só tem sentido se ela tiver uma relação alegórica com a atualidade. Veja-se, por exemplo, o sucesso da encenação da peça Júlio César, de Shakespeare, montada pelo diretor Orson Welles em Nova York, durante o apogeu de Mussolini na Itália: os conspiradores que assassinaram o grande líder democrata da Roma antiga usavam camisas negras, o uniforme registrado dos fascistas. O diretor é o mediador entre a obra que, enquanto texto literário, é eterna, e o público, que se modifica constantemente. Ele tem de estabelecer o sentido que o texto teatral irá adquirir em contato com o palco, através da interpretação dos atores, e com a platéia, composta de um público dado, em circunstâncias históricas, sociais e éticas determinadas. Além disso, tem de saber encontrar o equilíbrio entre a empatia e o distanciamento estético: a peça deve parecer suficientemente real para assemelhar-se à vida, e suficientemente irreal para que ninguém se esqueça de que é pura arte. A função do diretor é muito antiga, embora não com esse nome e com atribuições tão específicas. Na Grécia da época de Péricles, havia um magistrado, chamado "Comissário das Delícias", que funcionava como diretor do coro: a ele cabia dispor o espaço físico para a representação teatral, escolher e orientar os atores. De lá para cá, o papel do encenador enriqueceu-se cada vez mais até chegar à função do moderno diretor de teatro, que teve início com André Antoine, no começo do século XX. Além de encarregar-se da organização objetiva do espetáculo, como anteriormente, ele passou também a ter consciência do significado artístico de sua função, conferindo uma interpretação pessoal à obra dramática, cinematográfica ou televisiva, imprimindo-lhe a marca de sua genialidade. Na arte mais moderna, o Cinema, o Diretor é peça fundamental!