GRACILIANO Ramos (romancista brasileiro)
Graciliano Ramos (1892–1953) conviveu com o grupo de escritores da vanguarda literária nordestina (José Lins do Rego, Raquel de Queirós, Osman Lins, Jorge Amado e outros), sem, porém, aderir á moda do experimentalismo formal de uns ou da temática populista de outros. O grande prosador alagoano, de classe média, praticou jornalismo e política, deixando transparecer sua simpatia para com os movimentos esquerdistas, o que lhe causou a acusação de subversivo e a humilhante prisão de quase um ano (1936–1937). Seu compromisso de homem e de literato sempre foi a denúncia das estruturas sociais opressivas e da miséria do homem do campo. O labor literário era considerado por ele uma arma para lutar contra a angústia existencial causada pelo meio físico e hostil e pelo sistema social injusto e competitivo, que afastava dos bens de consumo a grande massa do povo. A temática da opressão e da tirania encontra-se nos seus principais romances: Infância (tirania paterna), Memórias do cárcere (tirania policial), Vidas secas (tirania do meio agreste), São Bernardo (tirania do senhor da terra e do marido), Caetés (tirania do meio provinciano), Angústia (a degradação moral vista como uma força fatídica que leva o homem ao crime e ao suicídio).