HORÁCIO (poeta lírico e satírico romano) → Epicuro

"Carpe diem"

Junto com Virgílio, Quintus Horatius Flaccus (65–8) é um dos maiores poetas da literatura ocidental, definido por Carpeaux (História da Literatura Ocidental) como poet’s poet, por ter exercido uma grande influência entre os poetas cultos de todos os tempos e por ter criado versos e expressões que se tornaram memoráveis: "carpe diem" (aproveitar o momento), "est modus in rebus" (há uma maneira de fazer as coisas), "in medio stat virtus" (a virtude está no meio termo), "odi profanum vulgus" (odeio a vulgaridade), "erexi monumentun aere perennium" (minha poesia é mais duradoura do que o bronze) etc. Podemos distinguir três fases na sua produção poética: 1) Poesia satírica, do período juvenil de sua vida: dois livros que contêm 18 Satiras, também chamadas de Sermones, por serem conversações leves sobre os costumes de seu tempo; 17 poemas que criticam pessoas de sua época, chamados de Epodos ou Jambos, seguindo o modelo do poeta grego Arquíloco. Realmente, no gênero da sátira literária, Horácio foi o maior poeta latino, superando de longe o predecessor Lucílio e seus sucessores, Pérsio e Juvenal, inclusive o epigramatista Marcial; 2) Poesia propriamente lírica, da época da maturidade: 4 livros de Odes, ou canções, onde aparece o motivo preferido pelo epicurista Horácio: carpe diem, "aproveitemos o momento presente", inebriando-nos com o vinho, o amor e a amizade. Mas, paralelamente a este tema central, as Odes apresentam também outros motivos convencionais: o amor à pátria, à divindade, à glória poética; 3) Poesia reflexiva, da última fase da vida do poeta: 2 livros de Epístolas, composições versejadas, dirigidas em forma de cartas a amigos ausentes, de assunto filosófico-moral-literário. A mais famosa epístola de Horácio é a última do segundo livro, Ad Pisones, posteriormente denominada Ars Poetica, em que é exposto o pensamento horaciano sobre conceito e estrutura da poesia, seguindo o exemplo da Poética de Aristóteles. É preciso salientar que Horácio foi o maior divulgador da filosofia ética do mestre grego Epicuro, que ensinava a felicidade humana residir no gozo do prazer calculado.