STRINDBERG (dramaturgo sueco)
Augut Strindberg (1848–1912) tem uma importância fundamental na evolução do teatro moderno, tendo escrito peças de sabor naturalista, simbolistas e expressionistas, influenciando fortemente a técnica da dramaturgia do séc. XX. Sua narrativa ficcional é profundamente autobiográfica, pela qual podemos rastejar a sua triste existência, desde o complexo de inferioridade por ser filho de um burguês e de uma empregada doméstica (O filho da criada), até a paranóia provocada pela mania de perseguição, pois se considerava vítima da maldade feminina (Defesa de um louco). Sua dramaturgia da primeira fase é caracterizada pelo tema da luta do homem e da mulher em suas relações conjugais. Na peça O pai, a esposa Laura, para subjugar o marido, chega ao cúmulo da mesquinhez insinuando que a filha do casal tem outra paternidade. Em Senhorita Júlia, a personagem-título seduz um criado que, em seguida, a repudia, causando o suicídio da jovem. Nesta peça, Strindberg deixa transparecer os postulados da teoria determinista: a culpa da jovem é atribuída ao instinto luxurioso (hereditariedade), à educação errada (ambiente) e ao momento circunstancial (noite da festa de São João, as flores afrodisíacas, a ocasião de a jovem se encontrar a sós com um belo espécime de macho). Mas a obra mais importante da fase naturalista e talvez de toda a obra dramática do autor sueco é A dança da morte, peça em dois atos, cujas personagens principais são Edgar, capitão de artilharia de costa, Alice, sua esposa e ex-atriz, e Kant, fiscal do serviço de saúde. O cenário é um torreão de fortaleza, com vista para o mar. O título da peça se refere ao casamento, definido como "a dança da morte", pois os dois cônjuges vivem se digladiando mutuamente com as armas da acusação, da injúria, do desprezo. O terceiro personagem, Kant, funciona como pivô, ora apoiando Alice, de quem se tornara amante, ora rebelando-se contra ela. Edgar luta às escondidas contra a doença do câncer com medo de privar-se do prazer de torturar a esposa; e esta, quando ele morre, afirma que acabara a razão da sua existência, pois não tinha mais com quem brigar. O dramaturgo suíço Dürrenmatt, ao adaptar para o teatro contemporâneo esta peça com o título de Play Strindberg, dividiu-a não em atos mas em rounds. Tal adaptação foi encenada no Brasil com o título Seria cômico se não fosse sério. A estética do Simbolismo influencia o drama Advento e algumas "peças de câmara", representações de duração reduzida. Mas, com a trilogia O caminho de Damasco, Strindberg se deixa influenciar pelo filão artístico do Expressionismo, com predomínio do subjetivismo. Os dramas estão centrados sobre uma única personagem que revela ao público experiências, sensações, sonhos, alucinações, misturando o presente com o passado e o futuro. As cenas são autônomas e as personagens secundárias são apresentadas como projeções do subconsciente do protagonista. Daí que, parodiando a expressão de Descartes "penso, logo existo", Strindberg afirma: sonho, logo existo!