SURREALISMO (movimento estético europeu) → Vanguarda

Não há uma verdade primeira; só há erros primeiros.
(Gaston Bachelard)

Contra o niilismo pessimista do movimento Dada (→ Dadaísmo), Breton, psiquiatra praticante na Primeira Guerra Mundial (→ Marte), encontrou nas teorias de Freud meios mais positivos para revolucionar a arte. Chamou de "Surrealismo" ao novo movimento que tinha como propósito fundamental anular as barreiras entre o sonho e a realidade. Para isso, usou a técnica do "automatismo psíquico", pela qual o pensamento se liberta do controle exercido pela razão e pelos condicionamentos sociais, morais e estéticos. A finalidade do movimento era colocar "o surreal fora do seu esconderijo", realizando a fusão da realidade com o sonho. Daí, a exaltação do maravilhoso, que reside no estado onírico, na alucinação, no acaso, na psicopatologia. Os principais artistas surrealistas foram: na poesia, Paul Éluard; na pintura, De Chirico e Salvador Dali; no teatro, Antonin Artaud; no cinema, Luís Buñuel e Rossellini. Análogo ao Surrealismo é o "Surracionalismo" de Gaston Bachelard, filósofo, cientista, poeta e professor francês. Seu pensamento surge em oposição ao racionalismo clássico, de raiz cartesiana, valorizando o importante papel da "imaginação" no processo do conhecimento científico e da produção artística. Para ele, a libertação da imaginação é fundamental para a ampliação dos horizontes das ciências e das artes. O Surracionalismo de Bachelard propõe a expansão do racionalismo para além de seus limites tradicionais, libertando-o dos cânones rígidos da lógica. Tal superação dos limites da razão e da consciência humanas é uma característica da cultura da nossa época: encontra-se na base da geometria nao-euclidiana, do princípio da relatividade de Einstein, da descoberta freudiana das forças do inconsciente, do pensamento intuicionista e fenomenológico, de todas as estéticas de Vanguarda.