O que tens, ó Dona Branca,
Que de cor estás mudada?
"Água fria, senhor pai,
Que bebo de madrugada.

—Juro por esta espada,
Afirmo por meu punhal,
Que antes dos nove meses
Dona Branca vai queimada.
"Eu não sinto de morrer,
Nem também de me queimar,
Sinto por esta criança
Que é de sangue real.

Si eu tivera o meu criado,
Que fora ao meu mandado,
Escreveria uma carta
A Dom Duarte de Montealbar.”

—"Fazei a carta, senhora,
Que eu serei o mensageiro;
Viagem de quinze dias
Faço numa Ave-Maria.

Escreve, escreve, senhora,
Que eu serei o teu criado;
Viagem de quinze dias,
No jantar serei chegado.
"Abre, abre, cristalina
Janela de Portugal,
Quero entregar esta carta
A Dom Duarte de Montealbar.

Dom Duarte, que leu a carta
Logo se pôs a chorar,
Dando saltinhos em terra,
Como baleia no mar.

Dom Duarte se finge frade
Pra princesa confessar
Lá no sexto mandamento
Um beijo nela quis dar.

"Boca que Duarte beijava
Não é pra frade beijar!
Nisto então se descobria
E com ela já fugia,
E para a boda a levou.