À ANGELINA



Angelina és tão formosa,
             Como a rosa
Em fresca aurora d’estio;
És pura como a corrente,
             Transparente,
Do mais crystallino rio.

És qual estrella brilhante,
             Rutilante,
No firmamento azulado;
Faz da terra um paraiso
             Teu sorriso,
O teu sorriso engraçado.

Tua voz harmoniosa,
           Maviosa,
Iguala á do rouxinol;
São teus olhos tão formosos,
           Luminosos
Como dous raios do sol.

Tu és tão meiga e innocente,
           Como o ente
Na madrugada da vida;
Es tão grata e prazenteira,
           Qual primeira
Prova de amor não-mentida.

És léda como a menina,
           Pequenina,
Pelos jardins a folgar;
És suave como a brisa,
           Que amenisa
Linda noite de luar.

És casta como o materno
           Beijo terno
Na face do filho amado;

És divina como um canto,
          Sacro-santo,
Por seraphins modulado.

És doce como a esperança,
          Que descansa
N’alma do fiel christão;
Dos anjos a santidade,
          À bondade,
Reside em teu coração.


10 de Julho de 1849.