Eu te amo, porqu'és bella,
E singela
Como a estrella
Do matinal, primo albor,
Quando, a aurora apparecendo,
Vai perdendo,
Vai perdendo o seu fulgor.
Porqu'és como a fonte pura,
Que murmura
Com doçura
Por seixinhos discorrendo;
Como entre-aberto jasmim
'N um jardim
Grato aroma rescendendo.
Porque tens nos olhos divos,
Expressivos,
Attractivos,
Attrativos de matar,
Quando estão meio-cerrados,
Enlevados...
Enlevados a scismar!...
Porque teu nevado seio,
Terno anceio,
Com receio,
Com receio faz mover ;
Porqu'escondes um segredo...
Que tens medo,
Que tens medo de dizer.
Eu te amo porqu'entendes
E compr hendes
Do Bardo o dôce cantar;
Porque fólgas de escutal-o;
Porque góstas de imital-o,
E sabes aprecial-o
Em seu poético amar.
És dos Poétas o sonho,
Que, risonho,
Mais lhes enche os corações.
Enlevado no teu riso,
O Trovador, d'improviso,
Um anjo do paraíso
Descreve em suas canções.
15 de Agosto de 1851.