História da Mitologia/XVI
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Capítulo XVIeditarOs MonstroseditarMonstros, na linguagem da mitologia, eram seres de proporções ou partes não naturais, geralmente vistos com terror, como se possuíssem força e ferocidade descomunais, que eles empregavam para ferir e incomodar os homens. Alguns deles, supõe-se, tinham membros de diferentes animais, assim eram a Esfinge e a Quimera, e para estes, todas as terríveis qualidades dos animais selvagens eram atribuídas, além da sagacidade e da faculdades humanas. Outros, como os gigantes, diferiam dos homens principalmente em seu tamanho, e neste particular, devemos reconhecer uma grande diferença entre eles. Os gigantes humanos, se assim podem ser chamados, tais como os ciclopes, Anteu, Órion, dentre outros, se deve supor não serem completamente desproporcionais para os seres humanos, pois eles se misturavam no amor e na luta com os homens. Mas os gigantes sobre-humanos, que guerrearam com os deuses, eram de dimensões muito maiores. Títio, diz a lenda, quando estendido na planície, cobria nove hectares, e Encélado era preciso que todo o Monte Etna fosse colocado sobre ele para mantê-lo para abaixado. Já falamos da guerra que os gigantes travaram contra os deuses, e os seus resultados. Enquanto esta guerra durou, os gigantes se mostraram serem inimigos formidáveis. Alguns deles, como Briareu, tinha cem braços, outros, como Tífon, apagava o fogo. Todos eles reunidos colocavam os deuses em tamanha polvorosa que estes fugiram para o Egito e se esconderam sob várias formas. Júpiter tomou a forma de um carneiro, onde foi depois adorado no Egito como o deus Amon, com chifres curvados. Apollo se tornou um corvo, Baco uma cabra, Diana uma gata, Juno uma vaca, Vênus um peixe, Mercúrio um pássaro. Em outras ocasiões, os gigantes tentaram subir ao céu, e para esse fim ele pegaram o Monte Ossa e o empilharam sobre o Monte Pélion. Eles foram finalmente subjugados pelos raios, que Minerva inventou e ensinando também Vulcano e seus ciclopes a fazerem para Júpiter. A EsfingeeditarLaio, rei de Tebas, foi advertido por um oráculo que havia perigo para o seu trono e sua vida caso fosse deixado crescer seu filho recém-nascido. Ele, portanto, deixou o filho aos cuidados de um pastor com ordens para matá-lo, mas o pastor, movido de compaixão, mas não se atrevendo a desobedecer inteiramente, amarrou a criança pelos pés e a deixou-o pendurada no galho de uma árvore. Nesta condição, a criança foi encontrada por um camponês, que a levou para seu dono e sua esposa, por quem ele foi adotado e chamou Édipo, ou Pés inchados. Muitos anos depois, Laio, estando a caminho de Delfos, acompanhado apenas por um assistente, encontrou numa estrada estreita um jovem que também dirigia uma carruagem. Na sua recusa em deixar o caminho sob seu comando, o assistente matou um de seus cavalos, e o estrangeiro, cheio de ódio, matou tanto Laio como seu assistente. O jovem era Édipo, que, sem saber, tornou-se assim o matador de seu próprio pai. Logo após este evento, a cidade de Tebas foi afligida por um monstro que aterrorizava as estradas. O monstro era chamado de Esfinge. Tinha o corpo de um leão e a parte superior de uma mulher. Ela ficava agachada no topo de uma rocha, e prendia todos os viajantes que vinham por esse caminho propondo-lhes um enigma, com a condição de que, aqueles que conseguissem resolvê-lo deveriam passar a salvo, mas aqueles que erravam, deveriam ser mortos. Ninguém tinha ainda conseguido resolver o enigma, e todos tinham sido mortos. Édipo não ficou assustado com os relatos alarmantes, mas, corajosamente avançou para ser desafiado. A Esfinge lhe perguntou: "Que animal é o que de manhã anda sobre quatro patas, ao meio-dia tem duas, e à noite tem três pernas?" Édipo respondeu: "O homem, que na infância anda sobre as mãos e os joelhos, na maturidade caminha ereto e na velhice, com a ajuda de uma bengala." A Esfinge ficou tão envergonhada com a solução do seu enigma, que ela se lançou rocha abaixo e morreu. A gratidão do povo pela sua libertação foi tão grande que eles elegeram Édipo seu rei, dando a ele sua rainha Jocasta em casamento. Édipo, ignorando sua própria filiação, já havia se tornado o assassino de seu pai, e ao se casar com a rainha, tornou-se o marido de sua mãe. Estes horrores permaneceram desconhecidos, até que finalmente Tebas foi assolada com a fome e a peste, e o oráculo ao ser consultado, trouxe à tona o duplo crime de Édipo. Jocasta pôs fim à sua própria vida, e Édipo, enlouquecido, arrancou os próprios olhos e perambulou para longe de Tebas, assustado e abandonado por todos, exceto por suas filhas, que fielmente ficaram com ele, até que depois de um período doloroso de peregrinação encontrou o fim de sua vida miserável. Quando Perseu cortou a cabeça de Medusa, o sangue que penetrou a terra produziu o cavalo alado Pégaso. Minerva o pegou e o domou e o presenteou às musas. A fonte Hipocrene, que fica na montanha Helicon das Musas, foi aberta por um chute de seu casco. A Quimera era um monstro assustador, que exalava fogo. A parte dianteira de seu corpo era uma mistura de leão e cabra, e a parte traseira de um dragão. Ela fez grandes estragos em Lícia, de modo que o rei, Lobates, procurou algum herói para destruí-la. Naquele tempo chegou em sua corte um jovem guerreiro e valente, cujo nome era Belerofonte. Ele trouxe cartas de Pretos, genro de Lobates, recomendando Belerofonte nos termos mais calorosos como um herói invencível, mas acrescentou no final um pedido de seu sogro para mandá-lo matar. O motivo era que Pretos tinha ciúmes dele, desconfiando que sua esposa Anteia olhava com muita admiração para o jovem guerreiro. Partindo do exemplo de Belerofonte sendo inconscientemente o portador de sua própria sentença de morte, a expressão "cartas de Belerofonte" foi criada para descrever qualquer espécie de comunicação quando uma pessoa se torna a própria portadora, de material prejudicial para si mesma. Lobates, ao folhear as cartas, ficou intrigado com o que fazer, e não desejava violar os direitos de hospitalidade, embora, desejasse forçar seu genro. Um ideia brilhante surgiu de repente, que era, enviar Belerofonte para combater com a Quimera. Belerofonte aceitou a proposta, mas antes de iniciar o combate consultou o adivinho Poliido, que o aconselhou a fazer uso, se possível, do cavalo de Pégaso para o combate. Para este fim, ele orientou Poliido a passar a noite no templo de Minerva. Assim o fez, e enquanto ele dormia, Minerva apareceu para ele e lhe entregou uma rédea de ouro. Quando ele acordou, a rédea permaneceu em suas mãos. Minerva também lhe mostrou Pégaso bebendo água na fonte de Pirene, e ao avistar a rédea, o cavalo alado se aproximou pacificamente e se deixou ser levado. Belerofonte montou nele, subiu com ele pelo ar, encontrando logo a Quimera, e teve uma vitória fácil sobre o monstro. Após a conquista da Quimera, Belerofonte foi exposto a novas experiências e trabalhos por seu hostil anfitrião, mas com a ajuda de Pégaso ele triunfou sobre todos eles, até que finalmente Lobates, vendo que o herói era um favorito especial dos deuses, ofereceu a ele sua filha em casamento e fez dele seu sucessor no trono. Enfim, Belerofonte, com seu orgulho e presunção atraiu para si a ira dos deuses, dizem até que ele tentou voar até o céu em seu corcel alado, mas Júpiter enviou um moscardo que picou Pégaso e fê-lo jogar seu cavaleiro, e como consequência, acabou ficando manco e cego. Depois disto, Belerofonte vagou solitário pelos campos Aleianos[1], evitando os caminhos dos homens, e morreu miseravelmente. Milton faz alusão a Belerofonte no início do sétimo livro de Paraíso Perdido: “Desce do céu, Urânia, com esse nome Se na verdade tens mesmo esse nome, cuja voz divina Subindo acima do monte Olimpo eu me elevarei, Acima do vôo da asa de Pégaso Elevado por ti, Para o Céu dos Céus eu presumo, Um convidado da Terra atraindo ares empíreos (Tua têmpera), com igual segurança, é guiada Fazendo-me retornar para o meu elemento nativo; Caso contrário este cavalo voador não domado (como outrora Belerofonte, embora de classe inferior), Caí ao desmontar nos campos Aleianos, Perambulando sozinho e qual nômade Jovem, em seus "Pensamentos Noturnos", falando do cético, ele diz: "Aquele cujo pensamento cego o futuro nega, Ursos inconscientes, Belerofonte, como tu Sua própria sentença, condena a ti mesmo. Quem ouve o coração, entende a vida imortal, Ou natureza lá, imponente sobre seus filhos, Tem escrito fábulas, o homem se tornou mentira ". Pégaso, sendo ele o cavalo das musas, tem estado sempre à serviço dos poetas. Schiller conta uma linda história de ter sido vendido por um poeta necessitado e colocado na carroça e no arado. Ele não estava apto para tal serviço, e seu mestre palhaço nada poderia fazer dele. Mas um jovem se adiantou e pediu licença para fazer uma avaliação. Assim que ele estava sentado nas costas do cavalo, que havia aparecido a princípio selvagem e, posteriormente, mais afável, subiu qual rei, espírito, e deus, estendeu o esplendor de suas asas, e subiu em direção ao céu. Nosso próprio poeta Longfellow também registra uma aventura desse corcel famoso em seu "Pégaso no Lago." Shakespeare faz alusão a Pégaso em “Henrique IV”, onde Vernon descreve o príncipe Henrique: "Eu vi o jovem Harry, vestido com sua pele de castor, Com proteção nas coxas, e galantemente armado, Se levantar do chão como o emplumado Mercúrio, E saltou com tanta leveza no assento, Como se um anjo descesse das nuvens, Para moldar e domar o fogoso Pégaso, E enfeitiçar o mundo com o nobre cavaleiro" Estes monstros eram representados como homens da cabeça até a cintura, ao passo que o restante do corpo era de cavalo. Os antigos gostavam muito de cavalos e não consideravam que a união deste animal com o homem tivesse uma composição degradante, e, desse modo, o Centauro é o único dos monstros criados na antiguidade ao qual lhe foram atribuídas boas características. Os Centauros eram aceitos na companhia de homens, e no casamento de Pírítoo com Hippodamia eles constavam entre os convidados. Durante a festa, Euritião, um dos Centauros, estando intoxicado de vinho, tentou violentar a noiva; os outros Centauros seguiram-lhe o exemplo, causando um conflito assustador onde vários deles foram mortos. Esta foi a célebre batalha entre os Lápitas e os Centauros, tema favorito dos escultores e poetas da antiguidade. Porém, nem todos os Centauros tinham esse comportamento rude dos convidados de Pirítoo. Quíron recebeu instruções de Apolo e Diana, e era célebre por suas habilidades como caçador, na medicina, na música, e na arte da profecia. Os heróis mais renomados da história da Grécia foram seus alunos. Dentre eles podemos mencionar o pequeno Esculápio, cujo ofício lhe foi confiado por Apolo, seu pai. Quando o sábio voltou para casa carregando a criança, sua filha, Ocírroe, saiu para encontrá-lo, e ao ver a criança iniciou um transe profético (pois ela era uma profetisa), vaticinando a glória que haveria de conquistar. Esculápio, quando adulto, se tornou médico renomado, e até mesmo houve um caso onde ele conseguiu ressuscitar um morto à vida. Plutão, ficou irritado com isso e Júpiter, a seu pedido, atacou o médico corajoso com um raio, e o matou, porém, depois que ele morreu, o recebeu à conta dos deuses. Quíron era o mais sábio e o mais justo dos Centauros, e quando ele morreu, Júpiter o colocou entre as estrelas, como a constelação de Sagitário. Os PigmeuseditarOs Pigmeus eram uma nação de anões, assim chamados de uma palavra grega que significa um cúbito, ou uma medida de aproximadamente 33 cm, que dizem era a altura desse povo. Eles viviam perto das nascentes do Nilo, ou segundo outros, na Índia. Homero nos conta que os grous costumavam migrar todo o inverno para o país dos Pigmeus, e o aparecimento dessas aves era o sinal de uma sangrenta campanha militar contra os diminutos habitantes, que precisavam pegar em armas para defender seus campos de trigo contra os estrangeiros vorazes. Os Pigmeus e seus inimigos, os Grous, foram tema de diversas obras de arte. Os escritores, posteriormente, falavam de um exército de Pigmeus, os quais, encontrando Hércules adormecido, se prepararam para atacá-lo, como se estivessem para atacar uma cidade. Mas o heroi, acordando, riu dos pequenos guerreiros, enrolando alguns deles numa pele de leão, e levando-os, em seguida, para Euristeu. Milton comparativamente usa os Pigmeus em seu, ”Paraíso Perdido," Livro I.: "... como aquela raça de pigmeus Além das montanhas da Índia, ou os belos elfos Cujos fologuedos da meia-noite, dentro da floresta, Ou nas fontes, onde tardiamente contemplam os aldeões (Ou os sonhos que ele vê), ao passo que acima da lua Senta-se arbitrária, e aproximando-se da Terra Orienta seu curso pálido; eles, com sua alegria e dança Pretendem, com sua música alegre, encantar os seus oouvidos. E imediatamente, com alegria e medo, seu coração responde." Os GrifoseditarO Grifo é um monstro com corpo de leão, cabeça e asas de águia, e coberto nas costas com penas. Como os pássaros, ele constrói o seu ninho, e em vez de ovo ele bota uma ágata dentro dele. Ele tem garras longas e suas unhas tem um tamanho tão colossal, que o povo desse país os utilizavam como copos para beber. Dizem que a Índia é o país de origem dos Grifos. Eles encontraram ouro nas montanhas e com ele construíram seus ninhos, razão pela qual seus ninhos eram uma tentação para os caçadores, razão o suficiente para que os grifos mantivessem atenta vigilância sobre eles. O instinto deles os levou a descobrir onde ficavam os tesouros enterrados, e eles fizeram o melhor que podiam para manterem os saqueadores à distância. Os Arimaspos, que também floresceram entre os Grifos, eram um povo da Cítia que tinha um olho só. Milton faz uma comparação com os Grifos, em seu Paraíso Perdido, Livro II: "Como quando um Grifo no deserto, Com seus movimentos de asas, acima das colinas e vales pantanosos, Persegue o Arimaspo que por furto Lhe roubou de sua vigilante custódia. O ouro que havia guardado ", etc Veja tambémeditar
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